Rio Bom / Rio Mau

Na primeira parte do seu percurso é chamado de rio Bom, por aí apresentar águas mais calmas. Na parte mais agitada, que lhe dá o nome "Mau" destaca-se a cascata da Cabreia, com 25m de altura e a cascata das Minas do Braçal, de menor dimensão.

Muitas são as histórias envoltas em mistério que pretendem dar explicação à particularidade do rio com dois nomes, surge a lenda e o imaginário. 

Recuando na história, o pároco de Silva Escura, em 1732, chamava-o “rio Mau”, mas também “rio das Presas” ou “rio de Silva Escura”. Classifica-o de “curso quieto”, com algumas fragas de permeio. Hoje chamamos-lhes cascatas, sendo um dos exemplos mais paradigmáticos a cascata da Cabreia, um dos pontos de interesse turístico de Sever do Vouga e do país. Com uma queda de água de 25 metros de altura e uma densa e luxuriosa vegetação a envolvê-la, além de ser um local de aprazível contemplação, a cascata da Cabreia é também um espaço agradável para banhos. No percurso onde o rio é chamado “Mau”, mais abaixo, as águas voltam a precipitar-se e, junto às Minas do Braçal, emerge nova cascata de menor dimensão.

Rezam as estórias e lendas que o rio Bom passa a Mau também pelos acidentes ocorridos durante as lides nos moinhos de água. Os únicos caminhos de acesso, bastante sinuosos, e as irregularidades do leito do rio, tornando-o inseguro e perigoso, fizeram com que várias pessoas perdessem a vida na tentativa de o atravessar. Mas o referido pároco também dizia que, apesar de pouco caudaloso, as populações aventuravam-se à pesca de algumas trutas no rio. Pesca que se mantém até à atualidade, especialmente entre a ponte do Gretão e a foz. Por outro lado, era com a água dos poços do rio Mau que se regavam os campos e era também junto às suas águas que se construíam moinhos “de que os lavradores se valem para moer seus pains”.

O rio Mau fornecia a água usada no Complexo Mineiro do Braçal, primeira concessão mineira do país. A Antiga Linha das Vagonetes, ou Linha de Comboio Americano transportava os lingotes de chumbo do Braçal até ao rio Vouga, seguindo o vale do rio Mau até à sua foz.

Nas suas margens pode observar-se uma flora luxuriante e são muitas as espécies que se alimentam nestes bosques como o papa-amoras, o chapim-real ou o melro-de-água.